I - O Purgatório dos Guarda-chuvas
quinta-feira, 25 de setembro de 2008, 10:05


Não sei o porquê de as pessoas se preocuparem tanto com o tempo: se vai chover, se vai ter sol, se vai estar instável. Talvez seja porque estamos na segunda cidade mais úmida do mundo, perde só para Londres. Pelotas sempre quis ser um pedacinho da Europa perdido no sul do Brasil, taí um “bom” motivo para se ter orgulho de Pelotas: Levantem os braços bem ao alto e aplaudam a cada vez que uma pessoa der um espirro por ter molhado os pés e contraído uma leptospirose.
Ouvi alguém dizer que nestas eleições vai votar no Psol se estiver chovendo - também voto, se isso promete resolver meus problemas.
Perdi a conta de quantos guarda-chuvas entortei, rasguei, furei ou quebrei nesse inverno. Agora me diz: Para quê guarda-chuva? O vento se encarrega de te molhar mesmo usando um que seja bem grande, de vareta dupla que pagastes caro, pois não o comprou de um vendedor ambulante ou nos camelôs. Poisé... O vento não perdoa nem o guarda-chuva-de-cabo-de-cisne-e-pano-vermelho-estampado-com-a-cara-da-Madonna. A Madonna ta pouco ligando para se vais te molhar ou não.
Pior ainda é o frio que geralmente acompanha a umidade.
Li no blog do David Coimbra uma mensagem de um “leitorinho” dele que o frio lhe dá a sensação de que não quer fazer nada. E concluiu que não vê a hora de o verão chegar, que é para se ter “essa certeza”. Por favor, não comprem os guarda-chuvas que esta pessoa vender, com certeza ele não vai durar muito, isso é, se o guarda-chuva se quer abrir. Talvez o guarda-chuva pense - Ai! Ta frio, será que eu abro? – Eu acho que um de meus falecidos guarda-chuvas deva ter comprado dessa pessoa. Não, não tente abri-lo durante o verão, ele não vai abrir.
Um guarda-chuva não vai resolver o teu problema com a chuva, a umidade e as enchentes em Pelotas, mesmo que andares SEMPRE com um debaixo do braço, mesmo que tu fingir usá-lo como bengala nos dias de tempo instável ou mesmo que tu sair cantando “Singin’ in the Rain” com ele aberto e fazer a famosa dancinha de Don Lockwood, aquela pseudo-polly dance; um guarda-chuva não resolve teu problema². Compre uma capa-de-chuva, uma bota sete léguas, ambos amarelos de preferência que é para se tu cair nas poças, o resgate te encontrar mais rapidamente a fim de tu não morrer afogado. Ah, carregue um apito junto – Foi o que salvou a Rose no naufrágio do Titanic.
Um guarda-chuva resolve teu problema em um acidente de avião, talvez. Pelo menos a Sandra Bullock conseguiria se salvar; é tudo uma questão de praticar e ela deve ter praticado muito pulando do telhado da casa dela a fim de interpretar a Sally Owens no filme “Da Magia à Sedução”.
Se bem que os guarda-chuvas sempre salvam o Pingüim quando este se encontra em perigo, mas seus mil guarda-chuvas, com certeza não são do camelô, sem falar que apesar de eles fazerem “tudo”, de uma pneumonia em Pelotas ele não salvaria.
Uma dica: Vire o guarda-chuva contra o carro que vai passar do teu lado. Sim, a chuva vai te molhar, mas com certeza, aquela água suja que sai do bueiro das Tartarugas Ninja ao invés de entrar, não vai te molhar. Apropósito, ouvi dizer que viram tartarugas no laguinho da “Praça Osório” e outras no canal São Gonçalo, será que as Tartarugas Ninja decidiram se separar e foram morar em lugares mais “limpos” e menos encharcados? Acho que sim, nem ratos, nem o mestre Splinter conseguiria sobreviver nos bueiros entupidos de Pelotas.
Ai, ai! A previsão do tempo está prometendo frio e chuva e só em pensar em frio me dá uma sensação de nada para fazer; quem sabe alugo uns cinco filmes na promoção “um dia para cada DvD alugado” e ao invés de sair e me molhar tentando chegar aos meus destinos, fico em casa curtindo a entrada da primavera com filmes que possuem a toscana ou as cerejeiras da China – ou seriam do Japão – como tema secundário.
Em resumen: se ainda queres conhecer Pelotas, compre uma capa-de-chuva, uma bota sete léguas onde ambos são amarelos, um guarda-chuva-de-cabo-de-cisne-e-pano-vermelho-estampado-com-a-cara-da-Madonna, aprenda a cantar “Singin’ in the Rain” – não se esqueça de fazer a dancinha pseudo-polly dance -, compre um apito e treine saltos de guarda-chuva do telhado de sua casa ou do andar de seu prédio, vais precisar no caso de uma Tsunami do Laranjal achar que é gente e subir as escadas do prédio onde moras como em “O dia depois de amanhã”. Se nada disso funcionar, entre na passeata para a vacinação do Mestre Splinter contra a leptospirose, quem sabe assim ao menos dessa doença não vais sofrer, já que a rinite, conjuntivite, tosses crônicas e sem diagnósticos e quase todas outras alergias vão te atacar.Ah! Outra coisa, se teu plano de saúde é UNIMED, eles fazem questão de te dar um catálogo de profissionais para todos os males, é muito útil e bem prático. Já, se não for, entra na fila de espera de qualquer posto, hospital ou pronto-socorro; leva o teu celular com a bateria cheia, pois vais consumi-la logo logo jogando aqueles malditos joguinhos.
Foto: www.olhares.com/prateshb